O presidente Petro responde à carta de César Gaviria, que alega rejeitá-lo: "Ele ameaça um golpe de estado".

O presidente Gustavo Petro respondeu nesta sexta-feira ao ex-presidente e líder do Partido Liberal César Gaviria, que o acusou de querer impor uma "constituição paralela" à de 1991. Ele alertou que, se persistir nesse caminho, sua autoridade como chefe de Estado poderá ser desconsiderada.
"Ele está me ameaçando, o presidente eleito pelo voto popular, com um golpe de Estado. Veremos se o povo me deixa em paz ou reage como deveria à sedição antidemocrática", escreveu Petro em uma longa mensagem publicada em sua conta no X, na qual defendeu sua proposta de consulta popular e questionou duramente o ex-presidente.
Em outra parte da mensagem, ele acrescentou: "Vocês estão convocando a sedição contra o governo democrático, liberal e revolucionário da mudança, porque eu responderei a vocês sob a Constituição de 1991 e o povo. Vocês estão tentando fazer o mesmo que fizeram com Alfonso López Pumarejo para impedir a Revolução em Andamento."

Declaração do Partido Liberal. Foto: Partido Liberal
A resposta do chefe de Estado ocorre horas depois de Gaviria publicar um comunicado no qual qualificou de "grave" a insistência do governo em realizar um novo referendo após o Senado rejeitar a iniciativa original relacionada à reforma trabalhista.
Gaviria destacou que o Executivo pretende atuar fora da Constituição. "Se você insistir em nos impor uma Constituição paralela à de 1991, seremos forçados a repudiar sua autoridade como chefe de Estado", afirmou o ex-presidente em sua carta.
O ex-presidente, que foi um dos pais da Carta Magna, acrescentou em sua declaração: “Em nossa opinião, isso representa um sério dilema entre a Constituição de 1991 — produto de um amplo consenso democrático — e o que poderíamos chamar de 'Constituição Petro', que inclui tudo o que o Presidente Petro deseja.”
O ex-presidente também insistiu que hoje a nação enfrenta o desafio de restaurar o Estado de Direito e garantir o cumprimento integral das decisões dos três tribunais superiores. "Eles são os chamados para resolver as profundas diferenças que enfrentamos com o atual governo em questões constitucionais", disse Gaviria na carta.
Em resposta a essas declarações, o presidente Petro acusou Gaviria de ter governado com uma "Constituição paralela".

A reforma trabalhista está sendo discutida na Quarta Comissão. Foto: Quarta Comissão
"Você agiu sob uma Constituição paralela porque a congelou ao aprovar dezenas de artigos transitórios sob os quais agiu. Você criou uma Constituição para si mesmo, a partir da qual foram implementadas leis que são insustentáveis hoje. Você se aproveitou dessa Constituição paralela de artigos transitórios para privatizar o Estado e criar grandes empresas com dinheiro público", afirmou.
Ele defendeu suas reformas Sem mencionar que a Quarta Comissão do Senado tramita atualmente sua reforma trabalhista e que uma iniciativa paralela apresentada pelo Partido Liberal chegou à Sétima Comissão, o presidente fez algumas perguntas a Gaviria.
"Quem lhe disse que se o dia de trabalho termina às seis da tarde, estou propondo algo inconstitucional, ou que os salários devem ser aumentados quando a jornada de trabalho aumenta, usando sábado, domingo e feriados?" ele escreveu.

Miguel Ángel Pinto, senador liberal. Foto: Sergio Acero. O TEMPO
Em um trecho do tuíte, ele se referiu ao senador Miguel Ángel Pinto, que, após apoiar o fracasso da reforma trabalhista na Sétima Comissão, apresentou seu próprio projeto de lei. "Você é um egoísta social com ideias ultrapassadas, e por isso não viu o horrível atentado contra os direitos do povo cometido pelo seu senador Pinto de Santander; pelo contrário, permitiu", disse ele.
Por fim, ele defendeu seu referendo e acusou setores do Congresso de terem cometido "fraude" durante a sessão que naufragou a iniciativa. Ele alegou que os congressistas favoráveis ao projeto foram impedidos de votar e que a sessão foi suspensa irregularmente.

Presidente Gustavo Petro em Barranquilla em 20 de maio. Foto: Presidência
"Quantas vezes você ameaçou seus próprios parlamentares com apoio, só porque eles querem acabar com o anacronismo e a falta de democracia na Colômbia?" ele disse.
CAMILO A. CASTILLOEditor PolíticoX: (@camiloandres894)
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